Nas estradas e encruzilhadas da Vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

30
Jul 13

 

 

 

 

 

.

Amigo, de longe escrevo estas linhas.

Chegaram-me as suas notícias e só acredito no que li porque o meu Amigo as subscreveu. Eu sei que todo o tempo é composto de mudanças. Quem o não sabe?

Comecemos pelos jovens. Naquele tempo, eram protegidos e acarinhados. Eram o Futuro e o Futuro prepara-se. Sabíamos que a impetuosidade e a inexperiência não eram atavios apropriados. Ser arguto e experimentado aprende-se. Todo o mestre começou por ser aprendiz; e aprendiz que se preze irá além do mestre. E assim é porque o saber não é uma rotina mas um processo de progressão sustentada.

Diz-me o Amigo que houve alterações e que os jovens corrigirão os erros enquanto progridem. Não conhecia estas novas artes da progressão. E, deixe-me dizer-lhe, não creio que se haja mudado para melhor. E por aqui me fico. Mais tarde, me dirá. Mais tarde, quando for o tempo da safra; agora, é o tempo da sementeira.

Quanto à empresa, recordo-lhe que semear ilusões é diferente de semear a esperança. Da primeira sementeira colherá apenas a frustração; da segunda colherá a certeza de que quem porfia sempre alcança.

Motivos ponderáveis trouxeram-me para longe. Não foi uma escolha, foi uma decisão imposta pelas circunstâncias. A vida é o que é e nunca será o que gostaríamos que fosse.

O caminho é sempre fértil de encontros e desencontros, mas os caminheiros que resistem ao cansaço e ao desalento chegarão. É da Vida e a História comprova-o. Por isso, espero e desejo que persevere, sem desfalecimentos.

Até sempre!

Abraço.

G.F.

(30/7/2013.

publicado por Do-verbo às 00:39

26
Jul 13
O feriado civil decorre da decisão de inscrever na memória colectiva um acontecimento relevante.Há feriados locais, regionais e nacionais. Mais feriados regionais haverá quando o Poder decidir a criação de Regiões Autónomas em todo o território. Parece não convencer os iluminados pilotos da Caravela da Pátria a experiência autonómica dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores. Por que será?

 

O feriado é, por definição, um dia que reverencia a memória colectiva. É verdade que quase sempre ninguém se apercebe dessa reverência. O feriado fica-se indolentemente por um dia de descanso, logo ferindo o motivo ou motivos por que foi determinado.

Quando o Poder (seja Central, seja regional, seja local) ignora a reverência a um feriado, está a esvaziá-lo de significado. E daí a considerá-lo inútil e a anulá-lo vai um passo. Um passo que já começou a ser dado.

Os iluminados pilotos da Caravela da Pátria já consideraram irrelevante a reverência ao 5 de Outubro e ao 1º. de Dezembro. Quais se seguirão?

É possível que uma grande maioria da população encare com indiferença a extinção destes feriados. Evidentemente que essa indiferença decorrerá do desconhecimento, mas como verberar esse desconhecimento se o próprio Poder (central, regional, local) é o primeiro a fingir que não sabe que a memória colectiva de um Povo é intrínseca à sua condição de Povo. Um Povo que não reverencia a sua História, não sabe donde vem, não sabe o que é e porque é e dificilmente saberá determinar o caminho do futuro.

Estes iluminados pilotos da Caravela da Pátria não servem. Estão a destruir a essência de um povo --- da sua história ao seu idioma, do seu carácter à sua afirmação. É urgente que pilotos experimentados tomem nas suas mãos a roda do leme da Caravela da Pátria. O naufrágio adivinha-se. E, se não agirmos, será um povo todo a integrar a História Trágico-Marítima que Bernardo Gomes de Brito nos ofereceu e nos enluta ainda hoje. O lamento de Camões, lapidarmente fixado como apagada e vil tristeza, não pode transformar-se em condenação.

 

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho.

Viana*Évora*Portugal

26 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 13:25

22
Jul 13

 

1

Em sociedade, qualquer pessoa poderá ter o desejo legítimo de exercer um cargo público em uma das diversas instâncias da intervenção política. Recusar-lhe este direito é um absurdo. É o mínimo que se poderá dizer.

Seguramente, não bastará desejar. Carecerá de apoios para passar do desejo à candidatura e desta à vitória ou ao fracasso eleitoral.

 

2

Os méritos e os deméritos de qualquer pessoa para o desempenho dum cargo político serão reconhecidos ou não. Tudo dependerá do meio onde se insere.  

Todos sabemos que há boas e más opções. Umas decorrerão de decisão consensual ou inequivocamente maioritária, outras de decisão passível de reparos, quer por deficientemente fundamentada, quer por suspeita de favoritismo, de considerações alheias ao processo, etc.

 

3

Vemos, ultimamente, pessoas preteridas por uns serem reconhecidas por outros. E reconhecidas pelo que são e não sei se com a intenção de deixarem de o ser.

Seja qual for esta intenção, uma pessoa só deixa de ser o que é se assim quiser e não por outros o quererem.

 

4

Não recusando a ninguém o direito de se avaliar e de avaliar os demais, é admissível (e até frequente, concedo) que uma pessoa se sinta preterida por outra que, na sua avaliação, não merece ser designada como candidata.

E se a sua capacidade de avaliação é reconhecida quando concorda com a designação de outrem, como admitir que se censure quando discorda e se apresenta como melhor opção?

E se a pessoa preterida encontrar noutra área a possibilidade de exercer o cargo político que deseja, quem se arroga a legitimidade de censurá-la ou de lhe recusar esse direito de cidadania?

Aqui fica esta reflexão.

Até sempre!

  *

José-Augusto de Carvalho

22 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 18:05

18
Jul 13

 

Juntos, sempre!


(Até contra a lei inexorável da efemeridade da existência)

 

João Vasco Massapina*José-Augusto de Carvalho*Vasco Massapina
publicado por Do-verbo às 00:34

16
Jul 13

 

Não reconheço a ninguém nem capacidade nem qualidade para se autoproclamar como meu guia. A jactância tem limites! Devo, isso sim, ouvir argumentos, discuti-los e, depois, aceitá-los ou rejeitá-los. Considero esta minha postura como a saudável posição de decidir pela minha cabeça e não pela cabeça de outrém. Se errar nas minhas decisões, serei responsável pelos meus erros.

Quem teve a veleidade de tentar menosprezar a minha independência, recebeu a resposta adequada: Não!

Sei que tenho pago caro esta minha postura, mas a independência tem custos.

Escolhi o meu caminho e sempre tentei honrá-lo. É uma atitude que me devo e devo aos outros. Detesto dissimulações e silêncios ambíguos e/ou comprometedores. Nunca pretendi nem pretendo prebendas e nunca as aceitei nem aceitarei. Como amigo, sempre tentei honrar a amizade; como cidadão interventor, sempre tentei cumprir o meu dever de honrar a causa a que me entrego; como trabalhador, sempre tentei honrar essa condição. Estes são os meus parâmetros. Parâmetros inamovíveis.

Recebi muitas lições da Vida: encontros e desencontros; algumas alegrias e muitos desgostos. De tudo isso, retirei uma conclusão: sempre valerá a pena lutar pela dignidade humana. E, nas encruzilhadas, ponderar seriamente a opção adequada. É nessas encruzilhadas que cantam as sereias e se perfilam, sinistros, os naufrágios fatais.

Manuel da Fonseca, escritor e poeta, alentejano de Santiago de Cacém, ensina-nos, na sua imperdível Seara de Vento, que um homem sozinho não vale nada. É uma grande verdade, digo eu, mas também digo que as contingências nos obrigam, muitas vezes, a ficar sozinhos... As contingências independentes da nossa vontade e quase sempre contra a nossa vontade.

 

Lisboa, 16 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 20:10

05
Jul 13
 

 

 

Cada dia que passa o mundo é mais pequeno.

 

As notícias que chegam desnudam as misérias do embuste,

 

do embuste que se reclama dos direitos humanos.

 

 

 

O embuste que avilta a dignidade dos homens,

 

O embuste que enlameia a honra das mulheres,

 

O embuste que assassina a inocência das crianças,

 

O embuste que disputa os despojos da infâmia que gera.

 

 

 

O embuste que, em frenético leilão,

 

Compra e vende consciências.

 

 

 

O embuste que clama pelo fim dos tempos:

 

É preciso vender!

 

É urgente vender!

 

É inadiável vender

 

As manhãs orvalhadas de vida,

 

As noites enamoradas dos rouxinóis,

 

O mar salgado de lágrimas dos desencontros dos amantes,

 

As auroras da esperança!

 

 

 

O embuste que inventou os pobres

 

e lava a consciência das aparências

 

nas águas salobras da caridadezinha e das esmolas.

 

 

 

O embuste que inventou a lotaria,

 

a lotaria que faz um rico e desespera milhões de pobres...

 

 

 

O embuste da palavra que anestesia os ofendidos

 

e tortura os sonhos da noite da servidão.

 

 

 

O embuste que vocifera do cimo do palanque:

 

É preciso calar os gritos dos humilhados!

 

É urgente sufocar o sangue dos revoltados!

 

É inadiável crucificar todos os perigosos malvados,

 

esses perigosos malvados que sabem conjugar

 

o verbo em todos os tempos!

 

 

 

 

 

José-Augusto de Carvalho

 

1 de Julho de 2013

 

Viana * Évora * Portugal

publicado por Do-verbo às 10:41

04
Jul 13

 

 

 

A exigência começa em nós. Só quem é exigente tem legitimidade para exigir aos demais. Exigência na responsabilidade de ser e agir.

A responsabilidade de ser determina a exigência do respeito por nós e pelos outros.

A responsabilidade de agir ou no agir determina o domínio dos caminhos a percorrer, a procura incessante das alternativas mais adequadas à situação concreta que se pretende alterar ou corrigir. Qualquer acção, tal como a palavra, tem o dever de ser precisa.

Sabemos que ninguém domina as diversas áreas do saber, logo é indeclinável o dever de nos socorrermos de quem, aqui e ali, está em condições de nos auxiliar no agir. Desprezar esta condição é desafiar o insucesso a prejudicar a exigência do ser e do agir responsavelmente.

Ultimamente, ouço, com frequência, o apelo à renovação. Em abstracto, nada a dizer. Qualquer mudança é própria da vida e deveremos pugnar por ela desde que não signifique mudar para pior.

Renovar é, como sabemos, o velho dar o lugar ao novo. Trata-se de assegurar a continuidade de um objectivo concreto, ainda que tendo em atenção as mudanças de perspectiva, as correcções impostas e que não dependem da nossa vontade.

Renovar por renovar, desprezando o saber dos mais experimentados, é erro que se pagará caro, inevitavelmente.

Exigência não casa bem com inexperiência, ineficiência, etc.

A História realça o êxito dos povos que sempre atenderam aos Conselhos dos Anciãos. E a sabedoria popular ainda hoje mantém este alerta: O diabo sabe muito não por ser diabo, mas, sim, por ser velho.

Não tenho a jactância de julgar seja quem for, mas intuo que o rei vai nu. O tempo me dará razão ou não. Oxalá que não.

 

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

publicado por Do-verbo às 23:43

01
Jul 13
 

 

 

 

 Desenho de José Dias Coelho
 
 
Caminhemos! Além do cerro, caminhemos!
Sob a névoa, há sinais do fogo que se ateia.
Enrubesce a manhã. E o seu clarão semeia
primaveras de nós. Ousados, caminhemos!
 
A bandeira da Vida, ao alto, desfraldemos!
Com a força do braço e da vontade plena!
No futuro do olhar, o longe já acena.
Sem temor nem cansaço, ousados, caminhemos!
 
Já perdeu quem ficou na renúncia da espera.
Já perdeu quem escolhe o pão da rendição.
Ah, que seja amassada esta fome do pão
em cansaços que só a liberdade gera!
 
É de mim e de ti, de nós todos, nesta hora,
a razão de partir «por esses campos fora»!...
 
 
José-Augusto de Carvalho
30 de Junho de 2013.
Viana * Évora * Portugal
publicado por Do-verbo às 15:58

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