Nas estradas e encruzilhadas da Vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

30
Jun 12

 

É ancestral o anseio de independência. O ouro do palácio do senhor em nada enriquece o servo. Por isso, este sonha ganhar a sua carta de alforria e erguer o seu casebre.
Assim agiram os povos submetidos, anelantes de liberdade. E de esforço em esforço, fizeram seus os montes e as planuras, os rios e outros caminhos. Foi a assumpção do ter para garantia do ser. Os que não lograram obter o seu objectivo, terão de rever o seu percurso e determinar as causas do insucesso relativo. Não há nostalgia da servidão, há sequelas. E quem perde ou aliena os montes e as planuras, os rios e outros caminhos, está regredindo ao palácio dourado do senhor e às algemas da servidão.
O grande poeta Fernando Pessoa recordou-nos que Jesus nada sabia de Finanças. Pois é, eu também nada saberei, mas será necessário saber de Finanças para perceber que quem perde aquilo que tem ficará sem nada? E ficar sem nada é perder o presente e hipotecar o futuro.
Recordo, aqui, uma lenda antiga, que resumo:
Um senhor, que passeava pelos campos, encontrou um velho camponês plantando uma árvore. Admirado, perguntou-lhe:
Pobre velho, na tua idade, para quê plantar uma árvore? Já não terás vida para comer os seus frutos.
E, sábio, o camponês respondeu:
Pois não, eu sei que estou velho, senhor; mas os meus filhos e os meus netos irão comê-los. E isso me basta.
Não há notícia de os filhos ou netos do velho camponês terem alienado a árvore tão amorosamente plantada para eles. E também não há notícia destes filhos e netos saberem de Finanças. Pois…
Até sempre!

Gabriel de Fochem

15 de Maio de 2012.

publicado por Do-verbo às 17:27

29
Jun 12
 
O Poder Local
Garante a Constituição da República Portuguesa no seu Artigo 235º.:
1- A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2- As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
 

 

Não irei abordar agora a decisão governamental de privar os doentes do direito aos transportes. Este meu texto parte da realidade de hoje: o transporte dos doentes não é garantido pelo SNS (Serviço Nacional de Saúde); logo também não está garantido o transporte dos seus acompanhantes,  estes devidamente considerados apenas quando determinada pelos médicos a sua indispensabilidade.

Todos sabemos a frustração sentida quando somos privados de um benefício ou de um direito, frustração agravada quando consideramos injusta a privação e, mais ainda, quando nos provoca incómodos e despesas acrescidas.

Perante o facto consumado, não consigo entender o motivo por que o Poder Local não assume o cumprimento do nº.2 do Artigo235º. da Constituição da República Portuguesa, disponibilizando um seu autocarro. Evidentemente que esta sua decisão, a ser tomada, deverá ser concertada com o Centro de Saúde, a fim de assegurar o maior número possível de doentes para cada deslocação.

Estamos perante uma situação delicada e a exigir uma acção humanitária indispensável e de grande alcance social.

Pela leitura que faço do artigo supra indicado, o Poder Local está convocado para assumir as suas responsabilidades constitucionais.

Voltaremos ao assunto.

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

Viana, 29 de Junho de 2012.

publicado por Do-verbo às 23:25

 

O Poder Local
 Garante a Constituição da República Portuguesa no seu Artigo 235º.:
 1-  A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2-   As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.

 

 

O município de Viana do Alentejo está gravemente carenciado de transportes públicos.

O transporte ferroviário não existe desde os anos sessenta do século XX, quando a então CP decidiu desactivar as Estações de Viana e Alcáçovas. E, valha a verdade, essas mesmas estações, porque situadas longe das povoações, exigiam aos munícipes um transporte suplementar para a elas acederem. Transporte suplementar este que o município nunca assegurou.

Aguiar, bem distante de ambas as estações referidas, ainda mais penalizada viu os seus residentes. A esta distância no tempo, não sei precisar, nem sei se alguma vez soube, como os habitantes desta povoação procediam para beneficiarem do transporte ferroviário.

Vivia-se o tempo do Estado Novo, um tempo de desprezo pelos direitos e garantias dos cidadãos. Os que tiveram a desdita de vivê-lo saberão do que falo.

Mudados os tempos com a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, seria expectável que o Poder Local exigisse a reactivação das estações ferroviárias, até porque a CP era uma Entidade Pública. Não o tendo feito, ratificou, por omissão, a decisão do Poder Totalitário de então.

Não deixa de ser estranha esta ambígua forma de exercer o Poder Local, naturalmente em oposição ao consagrado constitucionalmente.

Sabemos que o Poder Central privilegiou, muito mal, acentue-se, o transporte rodoviário, gastando o dinheiro que tinha e também o que não tinha em estradas e auto-estradas. Tal qual, como se a sua opção fosse a mais adequada em termos de custo-benefício.

Não está em causa o transporte rodoviário e a construção das estradas e auto-estradas efectivamente necessárias. O que está em causa e se verbera é a substituição a que se procedeu e em escala considerável.

Algumas interrogações:

1- Quanto custa ao Estado a construção de um km de estrada e de um km de ferrovia?

2- Quanto custa ao Estado a manutenção de um km de estrada e de um km de ferrovia?

Vamos fazer contas?

Mas há mais:

1- Quanto perdeu a Estado com a decisão governamental de alienar à iniciativa privada, ainda que parcialmente, até ver, o transporte de pessoas e mercadorias que garantia a CP?

2- Não entenderam os agentes governamentais que essa sua decisão afectou gravosamente a acção redistributiva do Estado, pois este, não tendo ganhos, não pode redistribui-los?

3- Entendem os agentes governamentais que dar garantias à iniciativa privada é desmantelar no todo ou em parte os Serviços Públicos?

4- Entenderão os agentes governamentais que a sua acção administrativa não é lesar o Estado, logo os cidadãos?

Voltaremos ao assunto.

Até sempre.

José-Augusto de Carvalho

Viana, 29 de Junho de 2012.

publicado por Do-verbo às 15:09

24
Jun 12
 
 

A divisão do trabalho aumenta simultaneamente a força produtiva e a habilidade do trabalhador; é a condição necessária para o desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é a fonte da civilização.

(Durkheim)

 

 Visito com assiduidade a Biblioteca Municipal. E, com natural apreensão, verifico não merecer este importante espaço a atenção e o interesse devidos.

No exercício do mais elementar direito de cidadania, permito-me sugerir:

1- que seja ponderada a possibilidade de funcionamento da Biblioteca aos sábados, domingos e feriados, a fim de que dela possa usufruir quem trabalha durante os dias normais da semana em horários diurnos;

2- que os funcionários da Biblioteca gozem o seu descanso semanal em dias da semana a concertar;

3- que na impossibilidade do sugerido em 1, se pondere a possibilidade de funcionamento nocturno da Biblioteca, exactamente com o fim já explicitado;

4- que se elabore um programa mensal de actividades que inclua leituras, palestras, divulgações, pesquisas orientadas ou não, preferencialmente direccionadas para temas e questões de interesse regional e local;

5- que se constitua o grupo dos Amigos da Biblioteca, que terá como objectivo fundamental sugerir e apoiar toda a actividade do quotidiano da Biblioteca.

 Se mais e melhores sugestões houver, que venham! Aqui estarei disponível para aplaudi-las.

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

24 de Junho de 2012.

 
publicado por Do-verbo às 18:51

23
Jun 12

 

 

 

A minha pátria é a língua portuguesa. Esta celebrada frase de Fernando Pessoa será o melhor título para este registo. Com ela, o Poeta rasga horizontes próximos e distantes. Desde este cais inquieto, no extremo ocidental europeu, até aos confins do mundo a haver. Ou, como disse Camões, E se mais mundo houvera lá chegara.

Não sei se Portugal é uma pátria de poetas, mas é, seguramente, uma pátria muito amada pelos seus poetas.

Chegámos a todos os povos e com eles nos misturámos. Para nós, não há raças nem credos erguendo barreiras, há gente, há a humanidade toda, rica na sua pluralidade, única na sua singularidade. Por isso nos misturámos, por isso nos misturamos.

É esta herança que temos, lavada de sal e de inquietação, vestida de assombros e de naufrágios, cantada pelos desafios de antemanhãs enfeitiçadas e chorada pelos crepúsculos da tal apagada e vil tristeza de que também nos fala Camões.

Estes Poetas e tantos outros filhos desta mesma pátria fizeram e fazem da língua portuguesa o seu altar e nele rezaram e rezam os seus poemas, poemas de amor e dor, de sonho e pesadelo.

No verbo destes Poetas não há a estreiteza nacionalista. Há, sim, a assunção duma identidade reconhecida desde há séculos. Uma identidade ferida aqui e ali por gente ou incauta ou desavisada. E para não sair desta minha terra natal, pois, saindo, mais encontraria, infelizmente, aqui fixo a vulgaridade de Abana Viana, a comunhão incompreensível de Viana Summer ou o inadequado Cinema dos avós.

Talvez este e outros reparos publicados ou a publicar neste meu espaço sejam ignorados ou tidos por irrelevantes. Que sejam! Tal não me levará a abdicar do direito à opinião.

 

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

23 de Junho de 2012.

publicado por Do-verbo às 18:14

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