É ancestral o anseio de independência. O ouro do palácio do senhor em nada enriquece o servo. Por isso, este sonha ganhar a sua carta de alforria e erguer o seu casebre.
Assim agiram os povos submetidos, anelantes de liberdade. E de esforço em esforço, fizeram seus os montes e as planuras, os rios e outros caminhos. Foi a assumpção do ter para garantia do ser. Os que não lograram obter o seu objectivo, terão de rever o seu percurso e determinar as causas do insucesso relativo. Não há nostalgia da servidão, há sequelas. E quem perde ou aliena os montes e as planuras, os rios e outros caminhos, está regredindo ao palácio dourado do senhor e às algemas da servidão.
O grande poeta Fernando Pessoa recordou-nos que Jesus nada sabia de Finanças. Pois é, eu também nada saberei, mas será necessário saber de Finanças para perceber que quem perde aquilo que tem ficará sem nada? E ficar sem nada é perder o presente e hipotecar o futuro.
Recordo, aqui, uma lenda antiga, que resumo:
Um senhor, que passeava pelos campos, encontrou um velho camponês plantando uma árvore. Admirado, perguntou-lhe:
Pobre velho, na tua idade, para quê plantar uma árvore? Já não terás vida para comer os seus frutos.
E, sábio, o camponês respondeu:
Pois não, eu sei que estou velho, senhor; mas os meus filhos e os meus netos irão comê-los. E isso me basta.
Não há notícia de os filhos ou netos do velho camponês terem alienado a árvore tão amorosamente plantada para eles. E também não há notícia destes filhos e netos saberem de Finanças. Pois…
Até sempre!
Gabriel de Fochem
15 de Maio de 2012.