Independência editorial
Universalidade
Diferenciação
Diversidade
Informacão Imparcial
Educação/Instrução
Conhecimento
Coesão Social
Cidadania
Responsabilidade
Credibilidade
Editado por Indrajit Banerjee
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Editado por Indrajit Banerjee
1919
Chagall, a queda de Ícaro (Imagem Internet)
Hoje,
morreu um homem bom. Ficou mais pobre a Vida.
Indiferente à dor e ao luto, o sol de Agosto
requeima ainda mais a minha tez curtida
e deixa-me em cristais de sal o meu desgosto.
Hoje,
apenas o silêncio eu quero por conforto.
Silêncio e nada mais. A noite vem aí,
vestindo devagar este vazio morto
de sombras e pesar. Inútil, fico aqui.
Hoje,
mais uma vez enfrento inerme o desenlace
e tudo em derredor doendo se esboroa.
O efémero é agora a vida sem disfarce:
um Ícaro a sonhar que sobe ao céu e voa!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 19/23 de Agosto de 2012.
Poema escrito em memória de João António Potes
(Viana do Alentejo, 19 de Agosto de 2012.)
Há muitas situações que resistem não pela sua bondade mas por nos termos habituado a elas, derivando desta habituação a sua permanência. Sabendo embora que provocarei controvérsia, haverá que agir com determinação e extirpá-las.
Na toponímia, encontramos algumas dessas situações. Há quem sustente que a substituição na toponímia corresponderá ao apagar da História. Discordo. A toponímia tem a finalidade de homenagear e só se homenageia quem merece. O objectivo da História é outro.
O Poder Político tem quase sempre a fraqueza de homenagear os seus correligionários, numa óbvia perspectiva de facção. Se é verdade, e a História atesta-o, que a vida socio-política é uma sucessão de facções no Poder, não é menos verdade que há figuras acima das facções. Há figuras de todos os tempos merecendo a nossa homenagem, ainda que, aqui e ali, possamos discordar do seu pensamento ou da sua acção.
Outras situações há de evidente inadequação, quer pela sua irrelevância relativa, quer por estranhas à nossa realidade concreta.
Além de figuras pacificamente aceites como nacionais ou internacionais, sustento que cada região (e até cada povoação, porque não?) terá o dever de homenagear a sua gente.
Porque assim entendo, é com mágoa que verifico a ausência de homenagem toponímica de figuras do Alentejo, do nosso concelho e de cada uma das suas freguesias.
Algumas dessas figuras, falecidas há muito, terão caído no esquecimento. Mau caminho é o da perda da memória!
Quero crer que os boletins municipais deveriam encarregar alguém para tanto habilitado de avivar a memória do colectivo, trazendo da penumbra dos tempos as figuras que, pela sua acção, mereçam ser recordadas colectivamente. E, depois desse trabalho, ser ponderada a homenagem toponímica.
Neste como em todos os demais trabalhos que subscrevo, limito-me a usar de um elementar direito de cidadania – o direito de ter e de exprimir opinião.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
18 de Agosto de 2012.
Do site Templários Portugueses transcrevo, com a devida vénia:
TERÇA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2012.
Devo informar que estive, há semanas, na Igreja Matriz, acompanhado do meu Amigo Pedro Lopes, licenciado em História. Este meu Amigo observou algumas pedras tumulares e, apontando para uma, disse-me que deveria ser de um cavaleiro templário. Ficámos perplexos, atendendo a que a Igreja data de finais do século XVI. Agora, pelo texto acima transcrito, estará clarificada a situação.
A minha gratidão ao site Templários Portugueses pelos dados aqui transcritos, relevantes para o conhecimento possível do nosso passado enquanto naturais desta vila.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Em tempo:
آل باطوم (Al-Batun) = A Framboeseira. Será?
Este blogue contém, também, imagens retiradas da internet.
Se encontrar aqui uma imagem sua, peço-lhe que me informe para sob ela anotar os devidos créditos ou para a retirar, se for esse o seu desejo.
A minha gratidão.
José-Augusto de Carvalho
Burocracia, palavra que nos vem do francês e que poderemos traduzir por força ou poder dos gabinetes. Chegamos lá desta forma: bureau (secretária, escritório, repartição, ministério, junta, estabelecimento público, em francês) e krateía (força, em grego).
Desde há muito, não sei precisar, a palavra burocracia ganhou o significado depreciativo de sistema de rotinas e formalismos de secretaria. Ousemos, de forma livre, entender a burocracia como um modo de agir desligado das múltiplas perspectivas de apreciação que uma realidade dada exige ou poderá exigir.
Algumas vezes, a burocracia cai em situações que poderemos, numa caricatura, definir como um pé ter de se adaptar à forma dum sapato e não, como é óbvio, o sapato ter uma forma adequada para esse mesmo pé. Todos nós, alguma vez, certamente, vivemos ou tivemos notícia deste absurdo.
Evidentemente que a burocracia, no significado corrente que lhe vimos dando, decorre não só da adopção da rotina como sistema de actuação como também da impreparação que encontra defesa nessa mesma rotina.
Já nos recordava Camões, em oportuno soneto, no século XVI:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Quanto antecede, remete-nos para a urgência de quem governa dever estar sempre em permanente sintonia com as aspirações das populações; e se não puder ou não souber agir assim, colherá o fracasso da sua acção e o repúdio dos que quis governar.
Finalizando: se o Poder emana do Povo, como pode o Poder exercer a sua acção ignorando o Povo ou governando contra o Povo?
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
É-me sempre penoso ouvir ou ler os arrependidos.
Tenho o desprazer de conhecer alguns e algumas. Quem não os/as conhece, afinal? Destilam ódio quando falam ou escrevem, ódio de si mesmos, pois falam de um passado que assumidamente viveram. Obstinadamente, denigrem as causas que abraçaram e de que se afastaram ou de que foram afastados.
Comprazem-se em relatar episódios ou situações, mas sempre em condições de não poderem ser contraditados. Falam dos outros, esquecendo que ao tempo eram parte integrante desses outros, obviamente com as mesmas responsabilidades. E a denúncia não os absolve, se é que carece de absolvição o que dizem e/ou escrevem, desde que conforme com a veracidade e o rigor.
Claro que a praga dos arrependidos é de sempre. Como é de sempre o apetite conveniente por ouvi-los ou lê-los.
Outrossim é claro que grassa por aí um jornalismo que divulga ou dá voz aos arrependidos sem buscar a elementar comprovação do que permite seja propalado. E assim é conivente no lodaçal da delação.
É que a questão não passa pela denúncia. Passa sempre, evidentemente, pela queixa formal a quem de direito. Para tanto, bastará, ao que suponho saber, uma carta à Provedoria Geral da República ou à Polícia Judiciária. São estas Entidades Oficiais da República que averiguam as iniquidades e depois as remetem a Juízo.
Vivemos, desde a vitoriosa Revolução dos Cravos, num Estado de Direito.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 10 de Agosto de 2012.
A crise do neoliberalismo atingiu o coração dos países centrais que se arrogavam o direito de conduzir não só os processos econômico-financeiros mas o própirio curso da história humana. A crise é da ideologia política do Estado mínimo e das privatizações dos bens públicos mas também do modo de produção capitalista, extremamente exacerbado pela concentração de poder como nunca se viu antes na história. Estimamos que esta crise possui caráter sistêmico e terminal.
Sempre o gênio do capitalismo encontrava saídas para seu propósito de acumulação ilimitada. Para isso usava todos os meios, inclusive a guerra. Ganhava destruindo e ganhava reconstruindo. A crise de 1929 se resolveu não pela via da economia mas pela via da Segunda Guerra Mundial. Esse recurso agora parece impraticável, pois as guerras são tão destrutivas que poderiam exterminar a vida humana e grande parte da biosfera. E não estamos seguros de que em sua insanidade, o capitalismo não use até este meio.
Desta vez surgem dois limites intransponíveis, o que justifica dizer que o capitalismo está concluindo seu papel histórico. O primeiro é o mundo cheio, quer dizer, o capitalismo ocupou todos os espaços para sua expansão em nível planetário. O outro, verdadeiramente intransponível, é o limite do planeta Terra. Seus bens e serviços são limitados e muitos não renováveis. Na última geração queimamos mais recursos energéticos do que havíamos feito no conjunto das gerações anteriores, nos atesta o analista cultural italiano Luigi Soja. Que faremos quando estes atingirem um ponto crítico ou simplesmente se esgotarem? A escassez de água potável pode colocar a Humanidade face a uma dizimação de milhões de vidas.
Os controles e as regulações propostas até agora foram simplesmente ignoradas. A Comissão das Nações Unidas sobre a Crise Financeira e Monetária Internacional, cujo coordenador era o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz (chamada de Comissão Stiglitz) empreendeu grande esforço, para, a partir de janeiro de 2009, apresentar reformas intrasistêmicas de cunho keneysiano. Ai se propunha uma reforma dos organismos financeiros internaconais (FMI, Banco Mundial) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Previa-se a criação de um Conselho de Coordenação Econômica Global no mesmo nível que o Conselho de Segurança, a constituição de um sistema de reservas globais, para contrabalançar a hegemonia do dólar como moeda de referência, a instituição de uma fiscalização internacional, a abolição os paraísos fiscais e do segredo bancário e, por fim, uma reforma das agências de certificação. Nada foi aceito. Apenas a ONU acolheu a constituição permanente de um Grupo de Experts de Prevenção das Crises, que ninguém lhe dá importância porque o que realmente conta são as bolsas e a especulação financeira.
Esta constatação decepcionante nos convence de que a lógica deste sistema hegemônico pode tornar o planeta não mais amigável para nós, nos levar a catástrofes sócio-ecológicas tão graves a ponto de ameaçar nossa civilização e a espécie humana. O certo é que este tipo de capitalismo que na Rio+20 se revestiu de verde com o intuito de colocar preço em todos os bens e serviços naturais e comuns da Humanidade, não tem condições a médio e a longo prazo de assegurar sua hegemonia. Outra forma de habitar o planeta Terra e de utilização de seus bens e serviços deverá surgir.
O grande desafio é como processar a transição rumo a um mundo pós-capitalista liberal. Este terá como centro o Bem Comum da Humanidade e da Terra e será um sistema de sustentação de toda vida que expresse nova relação de pertença e de sinergia com a natureza e com a Terra.
Produzir é preciso, mas respeitando o alcance e os limites de cada ecossistema, não meramente para acumular mas para atender, de forma suficiente e decente, as demandas humanas. Importa ainda cuidar de todas as formas de vida e buscar o equilíbrio social, sem deixar de pensar nas futuras gerações que têm direito a uma Terra preservada e habitável.
Não cabe neste espaço aventar alternativas em curso. Ater-nos-emos ao que é possível fazer intrasistemicamente, já que não há como sair dele proximamente.
Assistimos ao fato de que a América Latina e o Brasil, na divisão internacional do trabalho, são condenados a exportar minérios e commodities, bens naturais como alimentos, grãos e carnes. Para fazer frente a este tipo de imposição, deveríamos seguir passos já sugeridos por vários analistas especialmente por um grande amigo do Brasil François Houtart em seus escritos e no seu recente livro com outros colaboradores: “Un paradigma poscapitalista:el Bien Común de la Humanidad”(Panamá 2012).
Em primeiro lugar, dentro do sistema, lutar por normas ecológicas e regulações internacionais que cuidem o mais possível dos bens e serviços naturais importados de nossos países; que tratem de sua utilização de forma socialmente responsável e ecologicamente correta. A soja é para alimentar primeiramente gente e só depois animais.
Em segundo lugar, cuidar de nossa autonomia, recusando a imposição do neocolonialismo por parte dos países centrais que nos mantém, com outrora, periféricos, subalternos, agregados e meros supridores do que lhes falta em bens naturais. Antes, devemos cuidar de incorporar tecnologias que dêem valor agregado aos nossos produtos, criemos inovações tecnológicas e orientemos a economia, primeiro, para o mercado interno e em seguida para o externo;
Em terceiro lugar, exigir dos países importadores que poluam o menos possível em seus ambientes e que contribuam financeiramente para o cuidado e regeneração ecológica dos ecossistemas de onde importam os bens naturais especialmente, no caso do Brasil, da Amazônia e do Cerrado.
Trata-se de reformas e não ainda de revoluções. Mas apontam para o novo e ajudam a criar as bases para propor um outro paradigma que não seja o prolongamento do atual, perverso e decadente.
*Leonardo Boff é teólogo e filósofo, dr.h.causa em política pela Universidade de Turim.
http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberro