Nas estradas e encruzilhadas da Vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

30
Set 12

 Lisboa, 29 de Setembro de 2012.

 

 

 

 

Foto retirada, com a devida vénia, do jornal francês Le Monde, de 30.9.2012

 

 

O inesquecível José Afonso está presente no título deste registo e na sua emblemática canção «Grândola, Vila Morena», cantada pelos manifestantes durante mais esta impressionante jornada de luta e de afirmação de cidadania.

 

publicado por Do-verbo às 11:01

27
Set 12

CGTP-IN ESCLARECE INTERPRETAÇÃO

RELATIVA AOS CORTES DOS SUBSÍDIOS

 

As recentes declarações, designadamente do Primeiro-ministro, sobre algumas medidas em discussão na reunião de ontem do Conselho Permanente de Concertação Social, terão provocado alguns erros de interpretação junto da população, que aliás têm solicitado junto da central os respectivos esclarecimentos, considerando por isso a CGTP-IN pertinente e relevante esclarecer.

O Governo está a fazer um jogo de palavras para enganar os portugueses aos quais roubou os subsídios de férias e de natal de 2012.

Quando fala em devolver o Governo mente, porque não vai devolver coisa nenhuma.

O que quer dizer é, simplesmente, que em 2013, pretende sonegar um subsídio, dos dois que tinha decidido retirar e o Tribunal Constitucional anulou por inconstitucionalidade.

Em circunstância alguma o Governo prevê devolver, de facto, os valores roubados aos referidos cidadãos.

Esta é a conclusão da CGTP-IN, pelo que consideramos uma afronta aos trabalhadores que o Governo se permita, a propósito de uma matéria sensível e vital, lançar a confusão e criar falsas expectativas junto dos trabalhadores, reformados e pensionistas, atingidos por tal medida no corrente ano.

O Governo deve esclarecer de forma rigorosa esta questão e abster-se de tais manipulações na tentativa de suavizar as medidas que se prepara para impor nos próximos tempos.

 

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 25.09.2012

publicado por Do-verbo às 00:00

19
Set 12

A música portuguesa está de luto:

faleceu, ontem, o dr. Luiz Goes. 

 

Dr. Luiz Goes (1933-2012)

Cantor inesquecível, Poeta e Compositor inspirado, transcrevo um dos seus belos poemas:
*
Homem Só, Meu Irmão

Letra e música: Luiz Goes
Intérprete: Luiz Goes

Tu, a quem a vida pouco deu,

que deste o nada que foi teu
em gestos desmedidos...
Tu, a quem ninguém estendeu a mão
e mendigas o pão dos teus sentidos,
homem só, meu irmão!

Tu, que andas em busca da verdade

e só encontras falsidade
em cada sentimento,
inventa, inventa, amigo, uma canção
que dure para além deste momento,
homem só, meu irmão!

Tu, que nesta vida te perdeste

e nunca a mitos te vendeste
– dura solidão –,
faz dessa solidão teu chão sagrado,
agarra bem teu leme ou teu arado,
homem só, meu irmão!


Como doente, tive o privilégio de conhecer o Dr. Luis Goes

e de lhe manifestar a minha admiração.

Aqui fica o meu adeus sentido.


publicado por Do-verbo às 20:29

 

PORTUGAL DEMOCRÁTICO
(Imagem da Internet)

 


Cidadão vulgar deste país, a braços com o dia-a-dia da Vida, muitas coisas me escapam. Aqui fica esta mea culpa.


Evidentemente que a mea culpa não me absolve do desconhecimento e só releva a minha deficiente condição de cidadão. E é grave, pois quem pode exercer a sua plena cidadania se não estiver de posse de todos os dados que lha permitam?


Considerando a situação político-social que se vive e a informação pública da convocação do Conselho de Estado para o próximo dia 21 de Setembro decorrente, acedi à Página da Presidência da República, inteirando-me da composição do referido Conselho de Estado. Fiquei perplexo ao verificar que nem todos os partidos políticos com representação parlamentar têm assento no Conselho de Estado. Não consigo entender o motivo desta exclusão. E mais, os cidadãos que estão representados na Assembleia da República por estes partidos também não têm voz no Conselho de Estado.


Mas a minha perplexidade não fica por aqui. Por que motivo estão excluidas as Centrais Sindicais e as Associações Patronais? Como entender a exclusão da força motriz do país?


Outras exclusões assinalo: como se justifica a exclusão de Ordens tão directamente ligadas à nossa vida colectiva como são a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos?

 

Usando do direito à opinião, constitucionalmente consagrado, aqui a deixo.


Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

publicado por Do-verbo às 16:18

16
Set 12
15 de Setembro de 2012
 
Parafraseando José Afonso, O Povo saiu à rua!
 
As imagens recolhidas na internet e que reproduzo aqui , com a devida vénia, dispensam palavras.
 
Que fique o grito de um Povo:
 
Queremos as nossas vidas!
 

 

publicado por Do-verbo às 21:37

12
Set 12

 

 

 

Disse adeus à minha terra

e deserdado parti.

Soldado, não fui à guerra;

a paz nunca conheci.

 

Por caminhos devastados

p'la razão da força bruta,

fui mais um dos humilhados

da resistência e da luta.

 

Mas descobri-me integral

quando minha fiz a Terra,

sem mentiras nem fronteiras.

 

E nascido enfim plural,

sofro todas as canseiras

e morro em todas as guerras.

 

  

José-Augusto de Carvalho

In Sortilégio, Lisboa, 1980.

publicado por Do-verbo às 19:13

11
Set 12

 

Vai distante o tempo em que tínhamos dificuldade na divulgação do nosso pensamento. Poucos tinham acesso a uma coluna de jornal. Hoje, a internet permite-nos ultrapassar facilmente essa dificuldade do passado. Só não tem um blogue quem assim decidir. Evidentemente que um blogue coloca-nos o mesmo problema antigo de uma folha de papel em branco: que escrever e para quem escrever?

Efectivamente, escrever é comunicar. E só há comunicação quando se é lido. Outra vantagem do blogue é a interacção: os comentários dos leitores são a prova provada de que se foi lido. E, aí, o autor do texto estará em condições de avaliar qualitativamente a interacção conseguida.

Outra vantagem acessória do blogue é o contador de visualizações. É importante, pois há muitos leitores que não comentam o que lêem.

Claro que há comentários e comentários, daí o blogue permitir a aprovação dos comentários recebidos. Há quem conteste o direito de aprovação de comentários. Inclusivamente, há quem considere este direito um acto de censura. Não subscrevo esta opinião, designadamente depois de ter lido insultos e desaforos que só colocam mal quem os subscreve. Pior ainda quando são anónimos. O anonimato é uma praga que invadiu os blogues onde se dispensa o direito de aprovação dos comentários.

Quem escreve tem o direito de expressar o seu pensamento; quem lê tem o direito de apreciar o que leu e de manifestar concordância ou discordância, mas sempre com a civilidade consentânea com o princípio que dispõe ser o respeito que devemos a nós mesmos o que determina o respeito pelos outros.

Hoje, a internet permite o diálogo entre pessoas fisicamente muito distantes entre si. Aliás, esta possibilidade já havia chegado com o telefone, no século XIX, mas jamais com a abrangência que a internet possibilita. Esta possibilidade, que tenho aproveitado e muito preciosa tem sido, quero crer que seja um dos caminhos a percorrer na intenção de cotejarmos princípios e valores. A Humanidade é só uma, o planeta é só um. Se bem nos entendermos, a caminhada será mais fácil e a Vida agradecerá.

Até sempre!

publicado por Do-verbo às 00:03

06
Set 12

 

Vem de longe a nostalgia do chefe. Hoje, prefere-se usar a palavra inglesa leader ou a sua forma aportuguesada – líder. E é sempre olhada com desconfiança a alternativa da acção partilhada, na assunção, aliás sábia, que nos vem da parábola dos vimes.

Esta nostalgia será reveladora das reminiscências do mito da orfandade?

Ou decorrerá de séculos de menoridade?

Numa retrospectiva histórica, encontramos situações em que o Povo é usado para objectivos que lhe são estranhos; e outras em que, agindo embora como força motriz, cede a orientação a quem não se rege por propósitos iguais ou afins. E tal sempre ocorreu porque foi ludibriado ou porque assume uma incapacidade em se impor que não terá no todo ou em parte. Ora ceder a orientação é aceitar a chefia ou a liderança de outrem.

Historicamente, o Povo foi sempre a parte insignificante da dita civilização. As classes dominantes mimoseavam-no com epítetos degradantes: ralé, arraia miúda, gente baixa, e por aí…

A cidadania ou, melhor, o que se entendia por cidadania, era privilégio recusado ao Povo.

O grande poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) fixou de forma exemplar o que eu canhestramente tento dizer. Aqui fica, com a devida vénia:

 

Perguntas de um Operário Letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China, para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos.
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias!
Quantas perguntas!

 

 

É urgente, é inadiável assumirmos os nossos direitos e os nossos deveres.

Hoje e sempre!

 

Lisboa, 6 de Setembro de 2012.

publicado por Do-verbo às 16:12

 

publicado por Do-verbo às 10:57

05
Set 12
 

 

Jaziam amordaçadas,

Nas trevas da negação,

As auroras orvalhadas

De liberdade e de pão.

 

O vento agreste trazia,

Na noite de ódio vestida,

As notas da melodia

Duma canção proibida.

 

Os versos da rebeldia,

Nas bocas amordaçadas,

Bailavam a ousadia

De auroras adivinhadas.

 

Era o quebrar das algemas

Com a força dos poemas.

 

 

José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 7 de Agosto de 2012.

publicado por Do-verbo às 12:45

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