Nas estradas e encruzilhadas da Vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

10
Ago 13

 

 

Quando imposto, o silêncio é coisa séria. Da minha passagem pela Imprensa diária, na já distante década de sessenta, recordo uma directiva recebida dos Serviços de Censura, que dizia mais ou menos, cito de memória: a partir deste momento, é expressamente proibida qualquer referência ao senhor dr. José Afonso. Assim mesmo, aqueles senhores silenciavam, mas tinham estes requintes, por vezes, claro, por vezes...

Sabemos que silenciar alguém é prática velha e serve, evidentemente, para anular as vozes incómodas. E a incomodidade tanto pode decorrer da falta de paciência para escutar dislates, como da considerada inoportunidade de algumas intervenções.

Sabemos do velho grito «O rei vai nu!» Todos viam, mas não era conveniente afirmá-lo. Ganhava a conveniente dissimulação. 

Isto de dizer a verdade inconveniente é coisa perigosa e conhecida desde há muito. Quem não ouviu dizer que cortaram a cabeça a São João, o baptista, por dizer a verdade? Pois é, quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos. 

Do meu canto, tento acompanhar o dia-a-dia desta inditosa pátria tão mal amada. Que me perdoe o Luís de Camões, mas veio a propósito distorcer a sua memorável e sentida manifestação de amor a Portugal. Amor não correspondido, aliás, ontem e hoje. Isto de amar o torrão natal e as suas gentes nem sempre á coisa pacífica. E o mais curioso é que esta inconveniência é como o vento -- sopra daqui, sopra dali... e, quantas vezes, já nem sabemos como e onde abrigar-nos da ventania.

Seja como seja, mais mal do que já fizeram não poderão fazer os agentes eólicos.

Do meu canto, tento estar atento e paciente, aguardando que passe o temporal. E de temporal em temporal, mais agredido, menos agredido, vou resistindo até ao juizo dito final. Até lá, siga a dança! E se a morte vier, que venha! Sabemos, também, é da sabedoria popular, que se queres ser bom, morre ou vai-te embora! Eu cá estarei quando vier esse consolo! Eu e muitos mais, porque não sou exemplar único...

Até sempre!

 

Gabriel de Fochem

10/8/2013.

NOTA: Imagem Internet, com a devida vénia

publicado por Do-verbo às 17:01

03
Ago 13

 

 

 

 

Prezado Amigo:

Pergunta-me, na sua carta sob resposta, o motivo por que tanta gente anda alheada. Pois é, não havendo efeito sem causa, será indispensável saber o porquê do alheamento que grassa por aí.

Sabemos que há muitas perguntas e poucas respostas, mas este tempo é deveras um tempo de perguntas, mais exactamente, um tempo de interrogação.

Ora, este tempo assentará numa crescente perda de valores. Estaremos numa encruzilhada? Talvez. Tal como os impérios têm as três fases clássicas -- ascensão, apogeu e queda, também a sociedade terá o ímpeto, o auge e a decadência. O ímpeto será a construção; o auge, a fruição; a decadência, o fim do ciclo.

A fase do ímpeto caracterizar-se-á pela entrega empenhada, onde todos são indispensáveis e concertados num todo conforme as suas capacidades; a fase da fruição será a satisfação pelo êxito obtido; a decadência será a fase da penalização de quem não percebeu que a efemeridade do presente exige que se prepare o futuro, incessantemente.

Consumada a decadência, outro ímpeto se impõe. Para lhe dar corpo e vigor, de novo se impõe a entrega empenhada, onde todos são indispensáveis e concertados num todo conforme as suas capacidades. E quando obtido novo êxito, que seja comedida a fase da fruição e incessantemente preparado o futuro, prevenindo a fase da decadência, porque esta sempre estará à espreita.

Meu Amigo, os responsáveis pela decadência não são as vítimas da jactância e da irresponsabilidade no poder. Certo?

Até sempre!

G.F.

3/8/2013,

publicado por Do-verbo às 13:18

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