Escolhi este velho aforismo para título do que Hugh Thomas regista no seu livro A GUERRA CIVIL DE ESPANHA, publicado em Portugal pela Editora Ulisseia, sob tradução de Daniel Gonçalves.
No dia 15 de Agosto (de 1936), a bandeira republicana foi substituída pela bandeira monárquica. Numa cerimónia solene, em Sevilha, Franco apresentou-se na varanda dos Paços do Concelho, beijou várias vezes a bandeira e gritou para a multidão concentrada na praça: «Aqui está! É nossa! Queriam privar-nos dela!» O cardeal Ilundaín, de Sevilha, beijou também a bandeira. Depois Franco prosseguiu: «Esta é a nossa bandeira, aquela à qual prestámos juramento, aquela por que morreram nossos pais, cem vezes cobertos de glória.» Franco terminou com lágrimas nos olhos. Queipo de Llano falou depois e perdeu-se numa série de desatinos sobre as diferentes bandeiras que tinham representado a Espanha em várias épocas. Finalmente comparou as cores monárquicas com «o sangue dos nossos soldados, generosamente derramado, e o solo da Andaluzia, dourado de trigais. Encerrou a arenga com as suas habituais referências à «ralé marxista». Durante este discurso, Franco e Millán Astray, o fundador da Legião Estrangeira (que voltara da Argentina depois do levantamento), que se encontravam ao lado de Queipo, tiveram dificuldade em reprimir o riso. Queipo concluiu declarando que a intensa emoção que sentia o impedira de fazer o género de discurso que tinha em mente. Falou depois Millán Astray, um homem em cujo corpo eram mais a lacunas da carne arrancada pela metralha do que as partes que lhe restavam relativamente intactas. Só tinha uma perna, um braço, um olho e poucos dedos na única mão que ainda conservava. «Não temos medo deles», bradou. Eles que venham e mostrar-lhes-emos do que somos capazes debaixo desta bandeira.» Ouviu-se um brado isolado: «Viva Millán Astray!» «Que vem a ser isso?, gritou o general. Nada de vivas para mim! Mas digam todos comigo: Viva la muerte! Abajo la inteligencia!»
Federico Garcia Lorca seria assassinado três dias depois, na mesma Andaluzia (arredores de Granada)…
Federico Garcia Lorca seria assassinado três dias depois, na mesma Andaluzia (arredores de Granada)…
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