Não reconheço a ninguém nem capacidade nem qualidade para se autoproclamar como meu guia. A jactância tem limites! Devo, isso sim, ouvir argumentos, discuti-los e, depois, aceitá-los ou rejeitá-los. Considero esta minha postura como a saudável posição de decidir pela minha cabeça e não pela cabeça de outrém. Se errar nas minhas decisões, serei responsável pelos meus erros.
Quem teve a veleidade de tentar menosprezar a minha independência, recebeu a resposta adequada: Não!
Sei que tenho pago caro esta minha postura, mas a independência tem custos.
Escolhi o meu caminho e sempre tentei honrá-lo. É uma atitude que me devo e devo aos outros. Detesto dissimulações e silêncios ambíguos e/ou comprometedores. Nunca pretendi nem pretendo prebendas e nunca as aceitei nem aceitarei. Como amigo, sempre tentei honrar a amizade; como cidadão interventor, sempre tentei cumprir o meu dever de honrar a causa a que me entrego; como trabalhador, sempre tentei honrar essa condição. Estes são os meus parâmetros. Parâmetros inamovíveis.
Recebi muitas lições da Vida: encontros e desencontros; algumas alegrias e muitos desgostos. De tudo isso, retirei uma conclusão: sempre valerá a pena lutar pela dignidade humana. E, nas encruzilhadas, ponderar seriamente a opção adequada. É nessas encruzilhadas que cantam as sereias e se perfilam, sinistros, os naufrágios fatais.
Manuel da Fonseca, escritor e poeta, alentejano de Santiago de Cacém, ensina-nos, na sua imperdível Seara de Vento, que um homem sozinho não vale nada. É uma grande verdade, digo eu, mas também digo que as contingências nos obrigam, muitas vezes, a ficar sozinhos... As contingências independentes da nossa vontade e quase sempre contra a nossa vontade.
Lisboa, 16 de Julho de 2013.