Tela de Dórdi Gomes / Pintor alentejabo
Já fui maltês e ladrão
de quanto me foi roubado:
meu covil foi o montado;
meu camarada, o suão.
Fui livre à minha maneira,
como um homem deve ser;
a lei dei a conhecer
ma mira da caçadeira.
Por roubar o que era meu,
nas malhas bem apertadas
das baionetas caladas
caí num dia danado;
mas contas ninguém me deu
de quanto me foi roubado.
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 1969.
In «arestas vivas», 1980