Cada dia que passa o mundo é mais pequeno.
As notícias que chegam desnudam as misérias do embuste,
do embuste que se reclama dos direitos humanos.
O embuste que avilta a dignidade dos homens,
O embuste que enlameia a honra das mulheres,
O embuste que assassina a inocência das crianças,
O embuste que disputa os despojos da infâmia que gera.
O embuste que, em frenético leilão,
Compra e vende consciências.
O embuste que clama pelo fim dos tempos:
É preciso vender!
É urgente vender!
É inadiável vender
As manhãs orvalhadas de vida,
As noites enamoradas dos rouxinóis,
O mar salgado de lágrimas dos desencontros dos amantes,
As auroras da esperança!
O embuste que inventou os pobres
e lava a consciência das aparências
nas águas salobras da caridadezinha e das esmolas.
O embuste que inventou a lotaria,
a lotaria que faz um rico e desespera milhões de pobres...
O embuste da palavra que anestesia os ofendidos
e tortura os sonhos da noite da servidão.
O embuste que vocifera do cimo do palanque:
É preciso calar os gritos dos humilhados!
É urgente sufocar o sangue dos revoltados!
É inadiável crucificar todos os perigosos malvados,
esses perigosos malvados que sabem conjugar
o verbo em todos os tempos!
José-Augusto de Carvalho
1 de Julho de 2013
Viana * Évora * Portugal