Chagall, a queda de Ícaro (Imagem Internet)
Hoje,
morreu um homem bom. Ficou mais pobre a Vida.
Indiferente à dor e ao luto, o sol de Agosto
requeima ainda mais a minha tez curtida
e deixa-me em cristais de sal o meu desgosto.
Hoje,
apenas o silêncio eu quero por conforto.
Silêncio e nada mais. A noite vem aí,
vestindo devagar este vazio morto
de sombras e pesar. Inútil, fico aqui.
Hoje,
mais uma vez enfrento inerme o desenlace
e tudo em derredor doendo se esboroa.
O efémero é agora a vida sem disfarce:
um Ícaro a sonhar que sobe ao céu e voa!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 19/23 de Agosto de 2012.
Poema escrito em memória de João António Potes
(Viana do Alentejo, 19 de Agosto de 2012.)