Nas estradas e encruzilhadas da Vida, liberto das roupagens da vaidade e da jactância, tento merecer esta minha condição de ser vivo.

29
Out 13

 

 

 

Estive a reler o período da nossa História definido como Regeneração.  Como todos sabemos, e também assim no-lo confirma Houaiss, no seu Dicionário da Língua Portuguesa , regenerar significa efectuar nova organização em, reorganizar, etc.

Agora, não valerá a pena deter-me no que li, mas, tão-só, deter-me na palavra regeneração, no seu significado e no modo como se perfila e me exige que a pondere nestes nossos tempos de hoje.

Com o decorrer dos tempos, com as sempre nefastas intromissões da rotina, com as influências dos incautos ou impreparados, etc., as degenerescências instalam-se, gradualmente. E é isto que reclama a regeneração.

É saudável parar para avaliar cada troço do caminho percorrido. Fazer, afinal, aquilo que os mareantes designam por correcção da rota.

Os condutores da marcha, aqueles a quem incumbe determinar as escolhas do caminho adequado, são os mesmos de quem Fernando Pessoa nos fala no seu poema O Mostrengo quando coloca na boca do piloto da nau estas palavras decisivas: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu...»

Confiar nos condutores da marcha significa uma delegação de um poder e não uma sujeição. O condutor de uma marcha não é uma autoridade arbitrária sobre os demais, é uma capacidade, capacidade que deve ser avaliada a todo o momento. Sabemos que errar é humano; e também sabemos ser humana a decisão de corrigir esse erro. Se bem que também seja  humano, insistir no erro é atitude pouco inteligente e sempre prejudicial. Daqui se extrai a meridiana conclusão de ter de ser substituído quem não cumpre a tarefa que lhe foi confiada. E quando o erro não é corrigido ou quando o condutor da marcha não é substituído devido à sua inépcia, aqueles que abandonam um barco sem rota ou à deriva fazem-no porque não têm poder para alterar a situação, restando-lhes assumir a sua indisponibilidade de continuar a caminhar para nenhures.

Que trágico é olharmos um barco navegando rumo a nenhures!

 

José-Augusto de Carvalho

28 de Outubro de 2013.

Viana*Évora*Portugal

publicado por Do-verbo às 13:53

29
Set 13

 

 

 

Um conterrâneo que muito prezo recorda-me amiudadas vezes que só todos juntos sabemos tudo. Sábias palavras estas! 
Constantemente, temos notícia de quem cumpre e também de quem não cumpre esta sabedoria --- a nível local, a nível nacional, a nível global.
Se é verdade que há gente que tem a atitude grande de reconhecer que só todos juntos sabemos tudo, também há gente que tem a pequenez da jactância de tudo saber.
Exemplos concretos de ambas as posturas têmo-los às toneladas. Basta olhar em derredor.
Quantos de nós vivemos situações de partilha, numa conjugação de esforços responsável?
Bem-hajam, sempre!, aqueles que apreenderam e seguiram a sabedoria da parábola dos vimes!
Quantos de nós vivemos situações de frustração até à recusa de subscrever enormidades que estão aí, bem visíveis, demonstrando a razão que nos assistia?
Relevemos, embora sem ira nem desejo obstinado de vingança, a pequenez da jactância e os seus resultados perniciosos, resultados que perduram como uma condenação e a todos lesam.
Os pecados constantes seguidos dos perdões constantes e da estafada recomendação «Vai e não peques mais!» tornam o confessionário inócuo. E com isto que digo recupero o Poeta Guerra Junqueiro em «Um justo não perdoa, julga!».
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 29 de Setembro de 2013.

publicado por Do-verbo às 21:09

26
Jul 13
O feriado civil decorre da decisão de inscrever na memória colectiva um acontecimento relevante.Há feriados locais, regionais e nacionais. Mais feriados regionais haverá quando o Poder decidir a criação de Regiões Autónomas em todo o território. Parece não convencer os iluminados pilotos da Caravela da Pátria a experiência autonómica dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores. Por que será?

 

O feriado é, por definição, um dia que reverencia a memória colectiva. É verdade que quase sempre ninguém se apercebe dessa reverência. O feriado fica-se indolentemente por um dia de descanso, logo ferindo o motivo ou motivos por que foi determinado.

Quando o Poder (seja Central, seja regional, seja local) ignora a reverência a um feriado, está a esvaziá-lo de significado. E daí a considerá-lo inútil e a anulá-lo vai um passo. Um passo que já começou a ser dado.

Os iluminados pilotos da Caravela da Pátria já consideraram irrelevante a reverência ao 5 de Outubro e ao 1º. de Dezembro. Quais se seguirão?

É possível que uma grande maioria da população encare com indiferença a extinção destes feriados. Evidentemente que essa indiferença decorrerá do desconhecimento, mas como verberar esse desconhecimento se o próprio Poder (central, regional, local) é o primeiro a fingir que não sabe que a memória colectiva de um Povo é intrínseca à sua condição de Povo. Um Povo que não reverencia a sua História, não sabe donde vem, não sabe o que é e porque é e dificilmente saberá determinar o caminho do futuro.

Estes iluminados pilotos da Caravela da Pátria não servem. Estão a destruir a essência de um povo --- da sua história ao seu idioma, do seu carácter à sua afirmação. É urgente que pilotos experimentados tomem nas suas mãos a roda do leme da Caravela da Pátria. O naufrágio adivinha-se. E, se não agirmos, será um povo todo a integrar a História Trágico-Marítima que Bernardo Gomes de Brito nos ofereceu e nos enluta ainda hoje. O lamento de Camões, lapidarmente fixado como apagada e vil tristeza, não pode transformar-se em condenação.

 

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho.

Viana*Évora*Portugal

26 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 13:25

22
Jul 13

 

1

Em sociedade, qualquer pessoa poderá ter o desejo legítimo de exercer um cargo público em uma das diversas instâncias da intervenção política. Recusar-lhe este direito é um absurdo. É o mínimo que se poderá dizer.

Seguramente, não bastará desejar. Carecerá de apoios para passar do desejo à candidatura e desta à vitória ou ao fracasso eleitoral.

 

2

Os méritos e os deméritos de qualquer pessoa para o desempenho dum cargo político serão reconhecidos ou não. Tudo dependerá do meio onde se insere.  

Todos sabemos que há boas e más opções. Umas decorrerão de decisão consensual ou inequivocamente maioritária, outras de decisão passível de reparos, quer por deficientemente fundamentada, quer por suspeita de favoritismo, de considerações alheias ao processo, etc.

 

3

Vemos, ultimamente, pessoas preteridas por uns serem reconhecidas por outros. E reconhecidas pelo que são e não sei se com a intenção de deixarem de o ser.

Seja qual for esta intenção, uma pessoa só deixa de ser o que é se assim quiser e não por outros o quererem.

 

4

Não recusando a ninguém o direito de se avaliar e de avaliar os demais, é admissível (e até frequente, concedo) que uma pessoa se sinta preterida por outra que, na sua avaliação, não merece ser designada como candidata.

E se a sua capacidade de avaliação é reconhecida quando concorda com a designação de outrem, como admitir que se censure quando discorda e se apresenta como melhor opção?

E se a pessoa preterida encontrar noutra área a possibilidade de exercer o cargo político que deseja, quem se arroga a legitimidade de censurá-la ou de lhe recusar esse direito de cidadania?

Aqui fica esta reflexão.

Até sempre!

  *

José-Augusto de Carvalho

22 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 18:05

16
Jul 13

 

Não reconheço a ninguém nem capacidade nem qualidade para se autoproclamar como meu guia. A jactância tem limites! Devo, isso sim, ouvir argumentos, discuti-los e, depois, aceitá-los ou rejeitá-los. Considero esta minha postura como a saudável posição de decidir pela minha cabeça e não pela cabeça de outrém. Se errar nas minhas decisões, serei responsável pelos meus erros.

Quem teve a veleidade de tentar menosprezar a minha independência, recebeu a resposta adequada: Não!

Sei que tenho pago caro esta minha postura, mas a independência tem custos.

Escolhi o meu caminho e sempre tentei honrá-lo. É uma atitude que me devo e devo aos outros. Detesto dissimulações e silêncios ambíguos e/ou comprometedores. Nunca pretendi nem pretendo prebendas e nunca as aceitei nem aceitarei. Como amigo, sempre tentei honrar a amizade; como cidadão interventor, sempre tentei cumprir o meu dever de honrar a causa a que me entrego; como trabalhador, sempre tentei honrar essa condição. Estes são os meus parâmetros. Parâmetros inamovíveis.

Recebi muitas lições da Vida: encontros e desencontros; algumas alegrias e muitos desgostos. De tudo isso, retirei uma conclusão: sempre valerá a pena lutar pela dignidade humana. E, nas encruzilhadas, ponderar seriamente a opção adequada. É nessas encruzilhadas que cantam as sereias e se perfilam, sinistros, os naufrágios fatais.

Manuel da Fonseca, escritor e poeta, alentejano de Santiago de Cacém, ensina-nos, na sua imperdível Seara de Vento, que um homem sozinho não vale nada. É uma grande verdade, digo eu, mas também digo que as contingências nos obrigam, muitas vezes, a ficar sozinhos... As contingências independentes da nossa vontade e quase sempre contra a nossa vontade.

 

Lisboa, 16 de Julho de 2013.

publicado por Do-verbo às 20:10

04
Jul 13

 

 

 

A exigência começa em nós. Só quem é exigente tem legitimidade para exigir aos demais. Exigência na responsabilidade de ser e agir.

A responsabilidade de ser determina a exigência do respeito por nós e pelos outros.

A responsabilidade de agir ou no agir determina o domínio dos caminhos a percorrer, a procura incessante das alternativas mais adequadas à situação concreta que se pretende alterar ou corrigir. Qualquer acção, tal como a palavra, tem o dever de ser precisa.

Sabemos que ninguém domina as diversas áreas do saber, logo é indeclinável o dever de nos socorrermos de quem, aqui e ali, está em condições de nos auxiliar no agir. Desprezar esta condição é desafiar o insucesso a prejudicar a exigência do ser e do agir responsavelmente.

Ultimamente, ouço, com frequência, o apelo à renovação. Em abstracto, nada a dizer. Qualquer mudança é própria da vida e deveremos pugnar por ela desde que não signifique mudar para pior.

Renovar é, como sabemos, o velho dar o lugar ao novo. Trata-se de assegurar a continuidade de um objectivo concreto, ainda que tendo em atenção as mudanças de perspectiva, as correcções impostas e que não dependem da nossa vontade.

Renovar por renovar, desprezando o saber dos mais experimentados, é erro que se pagará caro, inevitavelmente.

Exigência não casa bem com inexperiência, ineficiência, etc.

A História realça o êxito dos povos que sempre atenderam aos Conselhos dos Anciãos. E a sabedoria popular ainda hoje mantém este alerta: O diabo sabe muito não por ser diabo, mas, sim, por ser velho.

Não tenho a jactância de julgar seja quem for, mas intuo que o rei vai nu. O tempo me dará razão ou não. Oxalá que não.

 

Até sempre!

José-Augusto de Carvalho

publicado por Do-verbo às 23:43

18
Jun 13

 

Os meus textos não têm destinatários preferenciais.

Tempos houve que sim, que almejava ser lido por esta ou aquela pessoa. Foi o tempo romântico, que já lá vai, há muito. Desses caminhos, juncados de flores de utopia adolescente, restam pétalas secas e ressequidas. E uma saudade imensa da inocência perdida.

Hoje, escrevo para mim, como se fosse um diário. É certo que, neste blogue, publico os meus textos. E não menos certo é que tenho leitores, quase sempre amigas e amigos. Amigas e amigos que me criticam e me incentivam a não ficar calado. Outros há que me falam deste ou daquele assunto. E quando lhes digo já ter escrito sobre e publicado no blogue, logo me dizem que não me leram por absoluta falta de tempo. A falta de tempo é uma praga. Claro que antes falta de tempo do que falta de ar. Se assim não fosse, lá ficaria eu mais pobre ainda. Claro que ouço e calo. Não tenho por que me melindrar. Só me lê quem quer. Verdade que alguns, raros, me foram ler, depois.

Como disse, ajo como se estivesse escrevendo um diário. E, quantas vezes, me leio e releio! Ora por desfastio, ora para recordar algumas situações. E como sempre sucede com quem escreve, dou comigo a corrigir mentalmente, aqui e ali, o texto já escrito e divulgado. E isto porque, como salientou o grande poeta espanhol António Machado, «o caminho faz-se caminhando» … Nada é definitivo e ainda bem.

Até sempre!

 

José-Augusto de Carvalho

18 de Junho de 2013.

publicado por Do-verbo às 21:38

29
Mar 13

 

 

publicado por Do-verbo às 22:15

18
Mar 13

 

publicado por Do-verbo às 20:11

10
Mar 13

  

publicado por Do-verbo às 19:13

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